Dispensa de Ela Wiecko e a imagem do MPF

Frederico Vasconcelos

Ela Wiecko portariaO “Diário Oficial da União” desta quarta-feira (31) publica portaria do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, dispensando, a pedido, a subprocuradora-geral da República Ela Wiecko Volkmer de Castilho da função de vice-procuradora-geral da República.

Ela Wiecko pediu exoneração com a publicação no site da revista “Veja” de vídeo em que ela aparece entre participantes de um ato, em junho, em Portugal, contra o governo do presidente interino Michel Temer. Ela segura um cartaz com os dizeres “Fora Temer – Contra o Golpe”.

Nas redes sociais, a vice-procuradora recebeu manifestações de apoio. Reservadamente, o episódio, envolvendo a “número 2” do órgão, é considerado por membros do MPF um fato que atinge a imagem da instituição.

Ao site da revista, segundo informa a Folha, a vice-procuradora disse que estava sendo alvo de “patrulhamento”.

“Eu estava de férias, em um curso como estudante. Não posso pensar nada? Não posso ter liberdade de manifestação? Isso é um pouco exagerado. Fui discreta, estava junto e não tive protagonismo maior.”

No início do mês, o marido de Ela Wiecko, Manoel Lauro de Castilho, solicitou exoneração do cargo que ocupava no gabinete do ministro Teori Zavascki, após endossar manifesto que apoiava a decisão de Lula de recorrer ao Comitê de Direitos Humanos da ONU contra o juiz Sergio Moro.

Em setembro de 2013, Janot designou Ela Wiecko para a função de vice-procuradora geral da República. Ela disputou, com outros candidatos, o cargo de procurador-geral da República na sucessão de Roberto Gurgel.

Ao blog, ela assim resumiu o que pretendia mudar se fosse indicada para PGR:

Realizamos em 2012 um planejamento estratégico que definiu a visão de o MPF, até 2020, ser reconhecido nacional e internacionalmente pela excelência na promoção da justiça, da cidadania e no combate ao crime e à corrupção. Não vejo como ter outra proposta, a menos que o Colégio de Procuradores queira rever o planejamento. Espero mudar o modo com que o PGR se relaciona internamente e ter maior protagonismo politico.