Anulação do júri de Carandiru e violência policial
É difícil imaginar que a anulação do julgamento –em júri popular– que condenou 74 policiais militares pelo massacre de Carandiru em 1992 não venha a ter reflexos no espírito da tropa.
A controvertida decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo foi tomada num período em que a Polícia Militar paulista tem dado inúmeras demonstrações de despreparo para lidar com confrontos em manifestações de rua.
“Essa decisão não é passível de entendermos com tranquilidade. Porque nós estamos vivendo um momento de violência policial que não foi estanque. É um movimento que, no lugar de decrescer, ele cresceu”, afirma a procuradora Sandra Jardim, responsável no Ministério Público pelo processo do massacre do Carandiru.
“Essa decisão não escreve com a pena da esperança. Não nos dá um alento de dias melhores”, diz a procuradora , em entrevista ao repórter Rogério Pagnan, da Folha.
Questionada se a decisão acaba fomentando a violência policial, Sandra Jardim respondeu: “De algum modo, sim. Estamos vivendo um momento difícil. É um paradigma essa decisão em relação ao comportamento que se esperava.”