Carandiru: memória do massacre e da omissão
De Oscar Vilhena Vieira, em artigo sob o título “Autópsia da omissão”, publicado neste sábado (1) na Folha:
Duas imagens ficaram impregnadas em minha memória: a água vermelha empurrada pelo rodo dos presos que faziam a faxina, e as marcas de balas encravadas nas paredes das celas, sempre à meia altura, deixando claro que as vítimas foram eliminadas de cócoras, em posição de rendição. Indelével, ainda, o cheiro de morte.
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O que gerou maior perplexidade foi o voto do desembargador Ivan Sartori, que absolveu policiais, em clara usurpação da competência constitucional do júri.
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Este processo deveria há muito ter tido a sua competência deslocada para a Justiça Federal. (…) Talvez ainda haja tempo para a federalização deste julgamento, antes que a prescrição cubra o massacre com o manto da impunidade.