Júri federal julgará assassinato de perita

Frederico Vasconcelos

Pela primeira vez, plenário do TRF-3 sediará um Tribunal do Júri.

 

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Sete jurados decidirão, na próxima segunda-feira (17), no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo, uma sessão de júri para decidir se o comerciante José Correia Neto é culpado da morte da perita contadora Célia Maria Galbetti.

O crime ocorreu em 18 de dezembro de 2008. O réu esteve foragido durante sete anos. Está preso preventivamente desde março deste ano. A contadora atuava como perita nomeada pela 42ª Vara do Trabalho de São Paulo.

A sessão será presidida pelo juiz Alessandro Diaféria, da 1ª Vara Federal Criminal de São Paulo. No júri, a acusação será apresentada pelos procuradores da República Heloisa Maria Fontes Barreto e Gustavo Torres Soares, e a defesa, pelo advogado Jakson Florencio de Melo Costa.

Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, o comerciante matou Célia Maria a tiros, pelas costas, em razão do trabalho dela. Na data do crime, ela aferia os livros contábeis da Ótica Miragem, empresa de Correia Neto, localizada no bairro de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, a fim de levantar recursos para a quitação de uma execução trabalhista.

O empresário havia sido condenado a pagar indenização trabalhista a uma ex-funcionária.

Segundo informa o MPF, de acordo com o apurado, teria ocorrido uma rápida discussão entre o empresário e a perita, que teria dito que poderia chamar a polícia. Em seguida, ouviram-se quatro ou cinco disparos e Neto deixou a sala com o revólver na cintura, dizendo que estava “tudo bem”. Em seguida, ele passou numa outra sala da empresa, onde deixou a arma de calibre 38 e fugiu.

O advogado do comerciante, Jakson Florencio de Melo Costa, informa que José Correia Neto é réu confesso. A defesa tentará excluir a alegação de motivo fútil. “Ele só reclama que, na época, foi muito pressionado, pois considerava ilegal uma cobrança em ação trabalhista. Ele diz que, num momento de ira, perdeu a cabeça e atirou”.

O assassinato da perita será julgado na Justiça Federal, pois Célia Maria foi morta no exercício de uma função federal e o crime ocorreu em razão da atividade que ela exercia.

A denúncia do MPF foi recebida em abril de 2013, e a prisão preventiva, decretada em dezembro de 2014, após tentativas infrutíferas de citação do réu. O empresário foi preso na cidade de Cassilândia, no Mato Grosso do Sul, sete anos e quatro meses após o crime.

O júri popular terá também que decidir se ele é culpado de posse irregular de arma, uma vez que o revólver calibre 38 não tinha registro válido no Sistema Nacional de Armas.

A sessão do júri é aberta ao público. O início está previsto para as 8h da manhã, no plenário do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.(*)

Está proibida a captação de imagens durante o julgamento (fotos ou vídeos).

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(*) Localizado na avenida Paulista, 1842 (14º andar)