O ano da esculhambação
“De todo o período que eu estou aqui, este é o ano mais podre do Congresso, o mais conturbado e o mais complexo.”
O diagnóstico do senador Paulo Paim (PT-RS), captado pelo jornalista Ricardo Mendonça, do jornal “Valor“, na edição de 16 de dezembro, talvez seja o melhor resumo da ópera-bufa que foi a atividade parlamentar em 2016.
Paim está prestes a completar três décadas de atuação ininterrupta no Congresso Nacional. Chegou à Câmara em 1987, como deputado constituinte.
“Estamos vendo várias pessoas sendo acusadas. Uma esculhambação generalizada na nossa democracia, briga entre os Poderes, lambança institucional. E as propostas que aparecem na Câmara e no Senado são só para tirar direitos dos trabalhadores. Luta do poder pelo poder, por interesses pessoais. É um acúmulo de muitos anos em que a corrupção foi desvirtuando. Foi, foi, foi até explodir. Explodiu. E você não sabe o que vai acontecer em janeiro”, diz Paim.
Em linguagem mais apropriada, editorial da Folha neste domingo (25) registra que o Congresso conheceu em 2016 a pior avaliação da série histórica de pesquisas feitas pelo Datafolha.
Segundo o instituto, 58% dos brasileiros consideram ruim ou péssimo o trabalho dos parlamentares. Antes disso, o índice mais alto era de 56%, registrado em 1993, à época do escândalo dos anões do Orçamento.
“Passados 23 anos, fatos ainda mais graves suscitam a desaprovação recorde. São as teias de corrupção descortinadas pela Lava Jato, que sugerem um percentual assombroso de deputados e senadores acostumados a alugar seus mandatos para empresas privadas, que pagam os serviços com dinheiro roubado dos cofres públicos.
Que os brasileiros não se enganem: os políticos farão de tudo, em 2017, para livrar a própria cara. Que os políticos não se enganem: a sociedade estará de olho“, conclui o editorial.