Eliana Calmon defende Ives Gandra Filho

Frederico Vasconcelos
Eliana Calmon e Ives Gandra Filho
 
A ex-corregedora nacional de Justiça Eliana Calmon diz que é “uma maldade” o que estão fazendo com o ministro Ives Gandra Filho, presidente do Tribunal Superior do Trabalho, um dos nomes cotados para a vaga do ministro Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal.
 
“Ele é religioso, celibatário, acredita em Deus, mas isso não tem nada a ver com a profissão”, diz a ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça. 
 
Eliana Calmon e Ives Gandra Filho atuaram juntos no Conselho Nacional de Justiça na gestão do presidente Cezar Peluso (2009-2011).
 
Gandra Filho foi o único conselheiro que não assinou uma moção contra a então corregedora, manifestação proposta ao colegiado por Peluso.
 
Então isolada no CNJ, a ministra resistiu a várias tentativas de esvaziamento dos poderes da corregedoria, por ter divulgado à sociedade irregularidades praticadas por membros do Poder Judiciário.
 
Nas votações do Conselho, Gandra Filho sempre acompanhou a corregedora nas questões essenciais, diz Eliana.
 
Eis a íntegra da entrevista:
 
Blog – Como foi o desempenho do ministro Ives Gandra Filho como conselheiro do CNJ?
 
Eliana Calmon – Quando cheguei no Conselho, já o encontrei. Ele dava o segundo voto, logo depois do meu como corregedora. Ele me deu o maior apoio. Sempre votou comigo nas coisas mais essenciais.
 
Blog – Ele apoiou o trabalho da corregedoria?
 
Eliana Calmon – Ele me indicou um juiz do trabalho para a corregedoria. O juiz não era amigo dele, havia sido examinado por ele. Agora, esse juiz está chefiando a equipe que faz a revisão da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
 
Blog – Como ele se comportou quando a magistratura fez pressões contra a Sra.?
 
Eliana Calmon – Quando Peluso [ministro Cezar Peluso, então presidente do CNJ] pediu uma moção de repúdio contra mim, o ministro Ives Gandra Filho foi o único a não acompanhar.
 
Blog – Como foram tratadas, na época, as questões da Justiça do Trabalho?
 
Eliana Calmon – Eu me indispus com a Justiça do Trabalho em razão do aumento do número das Varas. Sempre bati muito contra isso. O ministro também era contra. E a prova de que ele estava certo é que hoje não há dinheiro para pagar as contas…
 
Blog – Como a Sra. vê as críticas da Anamatra ao presidente do TST?
 
Eliana Calmon – A Anamatra não gosta dele porque ele não é sindicalista. É a favor da revisão de toda essa estrutura getulista da Justiça do Trabalho. Ele não é corporativista, não é amigo de ninguém. É institucional.
 
Blog – Como a Sra. vê as críticas em relação às posições ultraconservadoras do ministro?
 
Eliana Calmon – Ele é uma pessoa muito educada. É religioso, celibatário, acredita em Deus, mas isso não tem nada a ver com a profissão. Ele não é de fazer catequese.
 
Blog – Como era a sua relação pessoal com o ministro?
 
Eliana Calmon – Ele é franciscano. Não tem carro. Certa vez, fomos convidados para um jantar e ele me pediu uma carona. Ele mora numa quitinete, em Brasília. Sou mulher, muito contestada. Nunca tivemos qualquer desentendimento. Nunca houve qualquer resquício, qualquer dificuldade. Acho uma maldade o que estão fazendo com ele.