Presunção de impunidade
A decisão do presidente Michel Temer de somente demitir ministros eventualmente denunciados nas investigações da Lava Jato se a Justiça determinar a abertura de um processo sugere que o chefe do Executivo se apressa em antecipar a blindagem de auxiliares valendo-se da morosidade do Judiciário.
A medida autoritária foi anunciada à sociedade em pronunciamento à imprensa sem que os jornalistas pudessem fazer perguntas.
“Em que pese o respeito ao princípio elementar da presunção da inocência, o arranjo delineado por Temer não está à altura nem das demandas da sociedade pelo saneamento da gestão pública nem do propósito de imunizar o governo contra turbulências políticas”, opina a Folha em editorial nesta quarta-feira (15).
“É claro que todos são inocentes até prova em contrário, mas daí não decorre que gente sobre a qual paira dúvida deva ser galgada a cargos de grande visibilidade e que ainda têm o poder de influir em questões que podem afetar seus próprios casos”, comenta Hélio Schwartsman, hoje, em sua coluna.
“A sensação que fica é a de que os políticos perderam o pudor”, diz o articulista.
Talvez entre os que foram defenestrados do cargo nos primeiros meses do governo Temer haja quem lamente o presidente somente agora ter estabelecido essa regra.