Transparência na Lava Jato e no Judiciário

Frederico Vasconcelos

Em manifestações sobre situações distintas, há pontos em comum na defesa da transparência feita pelo procurador da República Carlos Fernando dos Santos, em artigo publicado nesta quinta-feira (16) na Folha, e em pronunciamento da ministra Cármen Lúcia, na última sessão do Conselho Nacional de Justiça, na terça-feira (14).

Carlos Fernando trata da impunidade e das resistências na área política às investigações da Operação Lava Jato.

Cármen Lúcia cita o exemplo do Tribunal de Justiça de Tocantins, que mandou afixar um cartaz com a produtividade dos seus servidores, para reafirmar os princípios de legalidade, moralidade e publicidade na administração pública.

Contra a “disseminação de deturpações conscientes”, por interesses e paixões políticos que envolvem a Lava Jato, Carlos Fernando diz que “informar claramente os resultados é um dos pilares de sustentação da operação”.

“A luz solar não é só o melhor desinfetante contra a corrupção -o é também contra a manipulação da informação”.

Ao tratar da necessidade de ampla divulgação da produtividade dos servidores do Judiciário, Cármen Lúcia diz que “não existe República possível se as coisas não estiverem escancaradas”.

“E a melhor solução para esses problemas, se alguém se sente mais ou menos atingido, será sempre a luz do sol. Será sempre esse esclarecimento que irá melhorar as instituições”.

Carlos Fernando diz que, em retaliação às investigações da Lava Jato, a maioria dos deputados federais jogou por terra o convite do Ministério Público para “se discutir honestamente as ’10 Medidas contra a Corrupção'”.

Diante da resistência da classe política em “entender esse novo cenário”, o procurador diz que “não devemos desistir”.

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“Cabe a cada um de nós combater o bom combate, ir além do nosso cotidiano, do cumprimento de nossas obrigações diárias. Neste momento histórico, isso significa lutar por um país melhor, da forma que pudermos -em casa com nossos familiares, nas escolas, nos escritórios, nas fábricas e também nas praças, derrubando mentiras e impondo mudanças”, afirma o procurador.

Cármen Lúcia, por sua vez, diz que “construir uma República é dificílimo porque se a res é pública, há que se dar publicidade”.

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“Não sou capaz de entender como é que, diminuindo os espaços de verificação pública do que se passa nos escaninhos de todos os servidores, inclusive nós, isso possa de alguma forma melhorar nosso desempenho. As formas de aperfeiçoamento têm de ser feitas permanentemente”, afirma a ministra.