Dia das vítimas de agressão física ou verbal

Frederico Vasconcelos

Na véspera do Dia Internacional da Mulher, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal rejeitou nesta terça-feira (7) –em decisão unânime– recursos interpostos pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) em dois processos julgados pelo colegiado a fim de que o parlamentar passasse à condição de réu pela suposta prática dos delitos de incitação ao crime de estupro e injúria.

Segundo informa o STF, os crimes teriam sido cometidos pelo deputado em dezembro de 2014, durante discurso no Plenário da Câmara dos Deputados, quando teria dito que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) “não merecia ser estuprada”.

Também consta dos autos que, no dia seguinte, em entrevista ao jornal “Zero Hora“, Bolsonaro teria reafirmado as declarações, dizendo que Maria do Rosário “é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria”. Em junho de 2016, por maioria dos votos, a Primeira Turma recebeu denúncia contra o deputado Jair Bolsonaro por incitação ao crime de estupro.

O deputado alegava obscuridade na decisão da Turma.

Editorial da Folha publicado nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, observa que não bastasse trabalharem mais e ganharem menos em empregos piores, as mulheres também sofrem com a violência.

Segundo pesquisa Datafolha realizada para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 29% das entrevistadas com 16 anos ou mais relataram ter sofrido alguma agressão física ou verbal nos 12 meses antecedentes.

Levando em conta a margem de erro do levantamento, projeta-se que algo entre 16 milhões e 20 milhões de brasileiras foram vítimas de violência em variados graus.

Mais da metade delas, porém, não tomou medida contra os agressores, em outra evidência da lentidão do progresso na sociedade, conclui o editorial.