Duelo Janot-Gilmar e o exemplo do mensalão

Frederico Vasconcelos

Se o mensalão servir de referência para o desfecho de embates na Lava Jato, dificilmente o Supremo Tribunal Federal acolherá o pedido de impedimento do ministro Gilmar Mendes no julgamento que encerrou a prisão preventiva do empresário Eike Batista. A conferir.

O pedido foi apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Durante o julgamento do mensalão, houve tiroteios entre ministros da Corte, trocas de acusações e comentários maldosos. Mas o plenário, quando chamado a decidir, resguardou o relator da Ação Penal 470, ministro Joaquim Barbosa.

Cármen Lúcia insinuou que Barbosa daria “um salto social” como relator da ação penal. Em meio a discussões, Gilmar Mendes abandonou uma sessão. O mesmo fez Ricardo Lewandowski, em outro momento.

O ápice das divergências, transmitido pela TV Justiça, ocorreu quando Barbosa disse que Mendes, quando se dirigia a ele, não estava “falando com os seus capangas de Mato Grosso”.

Na ocasião, Barbosa acusou Gilmar Mendes de “estar destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro” [desabafo, aliás, que tem sido relembrado por alguns magistrados como espécie de profecia, diante dos excessos verbais do ministro, que critica a conduta da Lava Jato].

Barbosa submeteu ao plenário várias arguições de impedimento oferecidas pelos advogados de Marcos Valério e Roberto Jefferson, que questionavam a parcialidade do relator do mensalão.

Apesar do clima beligerante de então, o plenário manteve preservada a instituição e Barbosa obteve apoio do colegiado.