O retorno de Joaquim Barbosa

Frederico Vasconcelos


Três anos depois de deixar o Supremo Tribunal Federal, o ministro aposentado Joaquim Barbosa é o personagem central do caderno “Eu & Fim de Semana“, do jornal “Valor“.

Ele foi entrevistado por Maria Cristina Fernandes no momento em que Gilmar Mendes, seu principal antagonista nos tempos do mensalão, lidera, como informa a jornalista, o ranking dos ministros com o maior número de pedidos de impeachment e suspeição e alvo de abaixo-assinado que contabilizava 866 mil assinaturas até a quarta-feira.

Em 2009, Barbosa afirmou, dirigindo-se a Gilmar Mendes: “Vossa Excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro… Vossa Excelência, quando se dirige a mim, não está falando com seus capangas de Mato Grosso”.

Eis como a editora contextualiza os fatos atuais:

“Sem fulanizar, Joaquim Barbosa pinça o tema da conjuntura encabeçada por Gilmar Mendes e pelo presidente Michel Temer como alvo do seu primeiro petardo: “Essa gente é tão sem escrúpulo que vai tentar impor o parlamentarismo para angariar a perpetuação no poder e se proteger das investigações”.

(…)

“O mensalão produziu mais convergências entre Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa do que deste com [Roberto] Barroso. Longe da toga, o ex-ministro se manteve na militância anti-corrupção, no que converge com Barroso, um dos ministros que mais tem se insurgido contra a operação-abafa Lava Jato. Quem mudou de lado com o avanço da operação para além dos limites do PT foi Gilmar. Não por acaso ele e Barbosa ocupam o extremo na escala de popularidade de personalidades do mundo jurídico”.

(…)

“Barbosa não reivindica holofotes para sua passagem pelo CNJ. Concede a primazia dos trabalhos lá conduzidos ao ministro Gilmar Mendes, que o antecedeu no cargo”.