Quem se desloca recebe, mas nem sempre tem preferência

Frederico Vasconcelos

“Quando mensaleiros e lavajateiros pedem julgamento internacional, estão só jogando para a torcida, pois nada indica que o resultado seria outro”, afirma o jornalista Roberto Dias, em sua coluna nesta quinta-feira (30), na Folha.

Sob o título “Suicídio em Haia lembra que reveses da globalização não incluem a Justiça”, ele trata de julgamentos em cortes internacionais, numa “marcha que atravessa fronteiras”, e do fluxo de informações, sem precedentes, vindas do exterior para auxiliar as investigações feitas no país.

O colunista lembra que Paulo Maluf e Marco Polo del Nero, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, “não se atrevem a viajar mundo afora, só que continuam circulando no Brasil”.

De fato, deve-se ao promotor Adam Kaufmann, da Promotoria Distrital de Manhattan, em Nova York, o processo nos EUA contra Maluf. Kaufmann colaborou nas investigações do Banestado, Farol da Colina e mensalão. Foi dele o entendimento de que, se o dinheiro passou oculto e dissimulado por bancos em Nova York, houve lavagem naquele país.

Uma das evidências, segundo os autos e o noticiário da época, teria sido a compra de um relógio de ouro numa casa de leilões em NY, presente do ex-prefeito para um doleiro, pago com recursos de uma conta alimentada por dinheiro da corrupção no exercício de função pública.