Magistradas disputaram associação de juízes

Frederico Vasconcelos

Pela primeira vez, duas magistradas disputaram a presidência da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris). A juíza Vera Lúcia Deboni, que atua na área da Infância e Juventude, recebeu 679 votos contra 455 dados à desembargadora Adriana Ribeiro e vai dirigir a entidade no biênio 2018/2019.

É a segunda vez que uma mulher dirige a mais antiga associação de magistrados do país. No biênio 2006/2007, a juíza (hoje desembargadora) Denise Oliveira Cezar presidiu a Ajuris.

Vera Deboni, 57, atual vice-presidente da entidade, é natural de Chapecó (SC), formou-se, em 1984, em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Atuou como pretora entre 1987 e 1990, quando assumiu como juíza de Direito. Atuou nas comarcas de Tupanciretã (pretora), Santo Ângelo, Três de Maio, Santa Maria e Porto Alegre.

Foi juíza auxiliar da Presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tendo participado do programa Justiça ao Jovem. Foi professora universitária durante dez anos, e atualmente integra o corpo docente da Escola Ajuris.

Começou a trabalhar na área da Infância e Juventude na década de 1990. Percorreu o Estado para convencer os prefeitos gaúchos a implantarem o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Posteriormente, trabalhou no projeto da Unesco de escolas abertas aos fins de semana.

Na avaliação da magistrada, o país tem retrocedido em políticas públicas no atendimento à Infância e Juventude e outras áreas sociais. “Isso traz como consequência um aumento do envolvimento de jovens com a criminalidade. A família vulnerável necessita de aporte. A criança precisa de escola, espaços de lazer e de segurança e ser educada para ter valores e caráter, para o coletivo e não para o individualismo”.

Em Três de Maio, uma das comarcas em que atuou no interior do Estado, decretou a prisão preventiva de três delegados de polícia envolvidos em falsificação de carteira de motorista. Sofreu ameaças e precisou ser acompanhada por escolta. “Foram semanas horríveis, dolorosas, pois a família também é atingida”.

Entre as propostas da chapa liderada por Vera Deboni, estão afirmar as prerrogativas da magistratura, lutar pela valorização do magistrado e do Poder Judiciário e reiterar o compromisso em favor da participação dos magistrados de primeiro grau nas eleições dos cargos diretivos do Tribunal de Justiça.


Obs. Texto corrigido em 26/12.