Projeto pode criar “paraíso” para prática de crimes

Frederico Vasconcelos

O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil, Roberto Veloso, revela a preocupação da magistratura com o projeto de lei 8.347, que prevê até prisão de juízes que violarem as prerrogativas dos advogados.

Em entrevista ao jornalista Wálter Nunes, na Folha desta quinta-feira (14), Veloso vê na proposta uma retaliação à Operação Lava Jato, por ter identificado escritórios de advocacias e departamentos jurídicos que atuaram como canais de recebimento e pagamento de propina de empresas e políticos.

O projeto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), no último dia 5, e agora vai para a votação no plenário da Casa.

O presidente da Ajufe diz que a medida vai além de uma retaliação à Lava Jato:

“Eu diria mais. É impedimento de investigação. É além da retaliação. É uma resposta, digamos assim. Ela vai além da retaliação, porque ela impedirá (a investigação). Ou seja os escritórios de advocacia vão se transformar em verdadeiros bunkers imunes à atuação da Justiça. A Justiça não vai poder entrar. Algo assim é impensável. Não existe isso (alguém imune à Justiça). Agora, dar imunidade aos escritórios de advocacia? Isso nenhuma categoria tem. Os juízes não têm, os parlamentares não têm, os governadores não têm, os prefeitos não têm, nenhuma categoria tem. É essa a preocupação que nós temos. Então, isso realmente é muito preocupante porque pode gerar o paraíso para as práticas de crimes.”