Relatora da Operação Anaconda vai presidir Tribunal Regional Federal
A desembargadora federal Therezinha Astolphi Cazerta tomará posse, no dia 1º de março, como presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (SP/MS), sucedendo na presidência a desembargadora Cecília Marcondes.
Os desembargadores Nery da Costa Júnior e Carlos Hiroki Muta assumirão, respectivamente, os cargos de vice-presidente e corregedor regional, também eleitos para o biênio 2018-2020. (*)
Em 2003, Therezinha Cazerta foi a relatora dos processos da Operação Anaconda, investigação conduzida pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal, que desbaratou quadrilha que negociava sentenças judiciais na Justiça Federal em São Paulo.
Foi uma das primeiras grandes operações anticorrupção que precederam a Lava Jato. A Anaconda trouxe à tona os indícios de que uma organização criminosa operava, havia anos, com a participação de membros do Judiciário e da Advocacia, além da colaboração de um subprocurador-geral da República.
Uma característica da Anaconda foi a presença de mulheres à frente dos processos no Judiciário e no MPF.
Eis como Therezinha Cazerta definiu a Anaconda, em entrevista concedida em março de 2012 ao jornalista Alessandro Cristo, do site “Consultor Jurídico“:
Foi um trabalho muito grandioso, muito importante na minha carreira. Além de trabalhoso devido ao volume, foi um trabalho muito difícil, ao qual fiquei dedicada exclusivamente durante um bom tempo. O processo principal foi julgado em um ano, um prazo recorde. Foram mais de cem volumes, mais de cem testemunhas para ouvir. Na minha visão, foi feita justiça, conforme os elementos colhidos. Era um processo muito grande e que gerou muitos filhotes. Alguns eu julguei. Outros, depois que o juiz João Carlos da Rocha Mattos perdeu o cargo, foram encaminhados para o primeiro grau. Eram 12 réus. Muitos estão nos tribunais superiores ainda.
Natural de Araçatuba, a desembargadora federal é bacharel pela Faculdade de Direito do Instituto Toledo de Ensino de Araçatuba. É pós-graduada em Direito Penal pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e em Direito Público pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
A presidente eleita ingressou na magistratura federal em 1988 e dez anos depois foi promovida a desembargadora federal do TRF3, onde atualmente ocupa o cargo de corregedora regional.
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