Diálogos impertinentes de Michel Temer

Frederico Vasconcelos

O que há em comum entre a visita, neste sábado (10), de Michel Temer a Cármen Lúcia, na casa da presidente do STF, e a reunião à noite, em agosto de 2017, entre Raquel Dodge e Temer, no Palácio do Jaburu?

Foram dois eventos fora da agenda e pouco republicanos, no sentido de que deixam dúvidas se atendem o interesse geral dos cidadãos.

Em ambos os casos, os motivos alegados foram inconvincentes.

Segundo relata Gustavo Uribe, da Folha, o encontro foi feito a pedido do presidente, que telefonou para a ministra durante a semana para pedir a reunião. A agenda de Cármen Lúcia, no site do Supremo, não registra esse compromisso.

Temer disse que tratou da segurança pública e da intervenção no Rio de Janeiro.

A Folha apurou que o presidente apresentou durante a reunião argumentos contrários à investigação do seu nome neste momento –o que Temer negou, ainda segundo Uribe.

Em agosto de 2017, Raquel Dodge afirmou que se reuniu com Temer para discutir a agenda de sua posse, no mês seguinte. Ela manteve essa versão em ofício enviado depois ao então procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Folha apurou que Temer também tratou da ofensiva jurídica que vinha fazendo contra Janot.

Os juízes costumam conceder audiências em seus gabinetes, na presença de assessores.

Aos olhos do cidadão comum, a informalidade dessas visitas apequena os dois Poderes.