Ataques de milícias e discursos levianos

Frederico Vasconcelos

O comentário a seguir, sobre o ataque a tiros à caravana de Lula, é de autoria de Alfredo Attié, presidente da Academia Paulista de Direito e desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo:

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Não é questão de ser contra ou a favor do ex-presidente da República Lula, mas de reconhecer que são inadmissíveis esses ataques a sua caravana. Ataques de milícias, que querem se passar por “povo”. E são apresentadas, lamentavelmente, por alguns, inclusive da imprensa, como se fossem “povo”.

Não é coincidência que, ontem, o presidente da República Temer usou o termo “povo” do mesmo modo espúrio, desvirtuado, ao falar em “desejo e regozijo do povo pela concentração de poder”.

Ele falou em “concentração de poder” para substituir a verdade histórica do golpe civil-militar de 1964 e da ditadura que foi instalada no país.

Esse modo leviano de falar é tão perigoso quanto o ataque de milícias a defensores dos direitos humanos e do império da Constituição. Tão danoso à democracia quanto os ataques com pedras e tiros contra qualquer candidato.

Apoio a esses ataques é apoio ao golpismo, aos sinais de paixão de alguns por um regime forte e ditatorial.

A sociedade brasileira deve responder a isso com a defesa da Constituição.

Cabe à sociedade civil e a seus órgãos de representação a resposta mais firme de defesa da democracia.