Se viajar é preciso, ofender não é preciso

Frederico Vasconcelos

Se o ministro Gilmar Mendes usou verba da cota de passagens do Supremo Tribunal Federal para se deslocar de avião ao casamento de uma enteada em Fortaleza (CE), é legítimo perguntar quem paga a viagem a Portugal para participar de evento do IDP (Instituto Brasileiro de Direito Público), do qual é sócio.

A Folha questionou o ministro se voltaria para o julgamento do habeas corpus de Lula em 4 de abril e se o voo para Portugal tinha sido pago pelo STF.

Eis a resposta do ministro, segundo relata o jornal:

“Devolva essa pergunta a seu editor, manda ele enfiar isso na bunda. Isso é molecagem, esse tipo de pergunta é desrespeito, é desrespeito”, disse o ministro por telefone, de Lisboa, ao repórter.

O ministro negou que o STF tenha pago pelos bilhetes e não informou quem os custeou.

Igualmente, não seria impertinente perguntar ao ministro Marco Aurélio quem pagou a viagem que motivou a suspensão do julgamento do habeas corpus de Lula, no último dia 22.

O ministro se ausentou mais cedo da Corte, pois não queria perder o voo para proferir palestra, no dia seguinte, na Academia Brasileira de Direito do Trabalho, no Rio de Janeiro.

A propósito, Marco Aurélio já foi questionado outras vezes sobre sua participação em eventos privados e respondeu com a urbanidade que se espera de magistrados.