Maluf na ditadura e Kakay na defensiva
Procurado pela equipe do Jornal Nacional para comentar, como advogado de Paulo Maluf, a atuação do ex-prefeito de São Paulo na época da ditadura militar, Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, antecipou-se à reportagem.
O advogado divulgou nota afirmando que o defendeu apenas na ação que trata do crime de lavagem de dinheiro, por se tratar de uma “tese que interessa profundamente ao direito penal”.
“É um descompasso absoluto. Não tenho compromisso com a advocacia dessa época”, diz Kakay.
Eis a íntegra da nota divulgada nesta segunda-feira (4):
A defesa do Dr. Paulo Maluf na Ação Penal 863, exercida pelo meu escritório com muita honra, quer esclarecer que atuou apenas nesta ação, em que a tese de defesa, se o crime de lavagem de dinheiro é um crime permanente ou não, é uma tese que interessa profundamente ao direito penal.
E, ao fazer a defesa, nos comprometemos visceralmente com o Dr. Paulo, como é próprio da advocacia criminal. Temos orgulho deste compromisso que honramos como advogados.
No entanto, queremos registrar, por imperativo de verdade, que não conhecemos nenhum outro processo, tampouco temos procuração para defender, ou sequer discutir e comentar, quaisquer fatos relacionados à época da ditadura militar, excrescência brutal que foi fortemente combatida, como cidadãos e como advogados, por todos nós do Almeida Castro Advogados.
Os casos de corrupção do governo militar devem todos vir todos à tona, assim como as torturas, os desaparecimentos e os acumpliciamentos que ainda atormentam a sociedade brasileira. É necessário um encontro do Brasil com este passado.
E nós da advocacia Almeida Castro somos comprometidos com a necessidade de total esclarecimento destes obscuros e graves fatos que, ainda hoje, envergonha-nos a todos.
Kakay