Alckmin retoma o velho discurso da ética
Em entrevista ao jornal “O Globo”, publicada neste sábado (4), o candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, foi questionado pelas jornalistas Cristiane Jungblut, Maiá Menezes e Silva Amorim por que os partidos pautados pelo fisiologismo que o apoiam (Centrão) mudariam suas práticas agora.
“Eles vão ter que mudar porque farei um governo com rigor ético absoluto”, respondeu Alckmin.
Em março de 2006, as capas das revistas semanais reproduziam discurso semelhante quando o tucano começou a ensaiar vôo ao Palácio do Planalto:
“Eu vou dar um banho de ética nesta eleição”, diz Alckmin. [IstoÉ].
“Ao contrário de Lula e do PT, acossados há um ano por casos de corrupção, Alckmin até agora não foi atingido por denúncias.” [Época].
Uma semana depois, reportagem do editor deste Blog transformava o banho de ética numa ducha fria.
A Folha revelou, na edição de 26 de março de 2006, que “o governo Geraldo Alckmin (PSDB) direcionou recursos da Nossa Caixa para favorecer jornais, revistas e programas de rádio e televisão mantidos ou indicados por deputados da base aliada na Assembleia Legislativa”.
Documentos de uma auditoria interna do banco estadual e de investigação do Ministério Público confirmaram que o Palácio dos Bandeirantes interferiu para beneficiar com anúncios e patrocínios deputados estaduais que apoiavam a candidatura de Alckmin.
“É absolutamente falso que os gastos em comunicação do Governo do Estado de São Paulo obedeçam a quaisquer critérios que não sejam os técnicos”, afirmou na ocasião a assessoria de imprensa do então governador.
Em tempo: na entrevista ao jornal carioca, as jornalistas lembraram que Alckmin é alvo de investigação por suspeita de caixa 2 em 2010 e 2014.
“As minhas campanhas sempre foram rigorosamente dentro da lei”, respondeu o tucano.