Inquérito sobre mensalinho mineiro deve prosseguir

Frederico Vasconcelos
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), e o andamento do Inquérito 4642, no Supremo Tribunal Federal, com determinação de remessa dos autos para a Justiça Federal em Minas Gerais (Foto: Joel Silva/Folhapress e STF/Divulgação)

A Polícia Federal em Minas Gerais deverá dar continuidade ao inquérito que investiga um suposto mensalinho que teria beneficiado, entre 2013 e 2014, a campanha eleitoral de Fernando Pimentel (PT) ao governo de Minas Gerais.

Como este Blog publicou em agosto, a defesa de Pimentel tem afirmado que o governador não recebeu os recursos.

A investigação teve origem em declarações de Ricardo Saud, diretor do grupo JBS, em acordo de colaboração celebrado com o Ministério Público Federal em 2017.

O Ministério Público Federal em Minas Gerais opinou pelo prosseguimento das investigações. Embora anteriormente o governador tivesse requerido a dispensa de depoimento, a defesa de Pimentel entendeu agora que havia interesse da oitiva, para os devidos esclarecimentos.

Os autos foram enviados à Polícia Federal para continuidade das investigações nos próximos dois meses.

O nome mensalinho é usado pelo MPF nos autos de inquérito que tramita na 11ª Vara Federal, em Minas Gerais, cujo titular é o juiz Jorge Gustavo Serra de Macedo Costa.

O juiz foi responsável pela primeira fase do mensalão petista, em Belo Horionte, apuração que resultou na Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal.

Segundo a narrativa, os repasses foram feitos mediante simulação de pagamentos por serviços do escritório de advocacia Andrade, Antunes e Henriques, que teria emitido notas fiscais frias.

O escritório é de propriedade do deputado federal Gabriel Guimarães de Andrade (PT), filho do ex-deputado federal Virgílio Guimarães, considerado um dos ícones do PT mineiro. Pimentel nega ligação com o escritório.

Um funcionário do grupo JBS confirmou à autoridade policial ter recebido ordens para emitir notas mensais no valor de R$ 300 mil a serem pagas ao escritório de advocacia.

Em maio deste ano, Joesley Batista afirmou em novo depoimento à Polícia Federal que conhece o governador desde 2012, quando Pimentel assumiu o Ministério do Desenvolvimento.

Batista mencionou um jantar com Pimentel, em São Paulo, quando teria sido acertado o “mensalinho”. O objetivo do grupo seria aproveitar a influência de Pimentel sobre a então presidente Dilma Rousseff.

O BNDES informou algumas operações envolvendo empresas do grupo JBS entre 2013 e 2015.

Em maio de 2017, a Folha informou que o governador publicou em sua página no Facebook que está “sendo acusado mais uma vez de forma leviana e mentirosa”.

“O acusador não apresenta provas para sustentar sua versão. Eu não tenho e nunca tive, em tempo algum, qualquer ligação com esse escritório de advocacia.”

Diz ainda que nos trechos publicados pela imprensa percebe-se que as afirmações de Joesley Batista sobre ele “não têm nenhum suporte em provas ou evidências materiais”.

“A verdade é que a minha vida e de meus familiares foi ilegalmente devassada pela Polícia Federal. Todos os sigilos -bancário, fiscal e contábil- foram levantados e nenhum ilícito foi encontrado”, disse.