Inquérito sobre mensalinho mineiro deve prosseguir
A Polícia Federal em Minas Gerais deverá dar continuidade ao inquérito que investiga um suposto mensalinho que teria beneficiado, entre 2013 e 2014, a campanha eleitoral de Fernando Pimentel (PT) ao governo de Minas Gerais.
Como este Blog publicou em agosto, a defesa de Pimentel tem afirmado que o governador não recebeu os recursos.
A investigação teve origem em declarações de Ricardo Saud, diretor do grupo JBS, em acordo de colaboração celebrado com o Ministério Público Federal em 2017.
O Ministério Público Federal em Minas Gerais opinou pelo prosseguimento das investigações. Embora anteriormente o governador tivesse requerido a dispensa de depoimento, a defesa de Pimentel entendeu agora que havia interesse da oitiva, para os devidos esclarecimentos.
Os autos foram enviados à Polícia Federal para continuidade das investigações nos próximos dois meses.
O nome mensalinho é usado pelo MPF nos autos de inquérito que tramita na 11ª Vara Federal, em Minas Gerais, cujo titular é o juiz Jorge Gustavo Serra de Macedo Costa.
O juiz foi responsável pela primeira fase do mensalão petista, em Belo Horionte, apuração que resultou na Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal.
Segundo a narrativa, os repasses foram feitos mediante simulação de pagamentos por serviços do escritório de advocacia Andrade, Antunes e Henriques, que teria emitido notas fiscais frias.
O escritório é de propriedade do deputado federal Gabriel Guimarães de Andrade (PT), filho do ex-deputado federal Virgílio Guimarães, considerado um dos ícones do PT mineiro. Pimentel nega ligação com o escritório.
Um funcionário do grupo JBS confirmou à autoridade policial ter recebido ordens para emitir notas mensais no valor de R$ 300 mil a serem pagas ao escritório de advocacia.
Em maio deste ano, Joesley Batista afirmou em novo depoimento à Polícia Federal que conhece o governador desde 2012, quando Pimentel assumiu o Ministério do Desenvolvimento.
Batista mencionou um jantar com Pimentel, em São Paulo, quando teria sido acertado o “mensalinho”. O objetivo do grupo seria aproveitar a influência de Pimentel sobre a então presidente Dilma Rousseff.
O BNDES informou algumas operações envolvendo empresas do grupo JBS entre 2013 e 2015.
Em maio de 2017, a Folha informou que o governador publicou em sua página no Facebook que está “sendo acusado mais uma vez de forma leviana e mentirosa”.
“O acusador não apresenta provas para sustentar sua versão. Eu não tenho e nunca tive, em tempo algum, qualquer ligação com esse escritório de advocacia.”
Diz ainda que nos trechos publicados pela imprensa percebe-se que as afirmações de Joesley Batista sobre ele “não têm nenhum suporte em provas ou evidências materiais”.
“A verdade é que a minha vida e de meus familiares foi ilegalmente devassada pela Polícia Federal. Todos os sigilos -bancário, fiscal e contábil- foram levantados e nenhum ilícito foi encontrado”, disse.