Ministério Público critica veto a manifestações em universidades
“Em uma disputa marcada pela violência física e simbólica, pelo engano e pela falsificação de fatos, chama a atenção que o esforço do sistema de Justiça se dirija exatamente ao campo das ideias”, afirma nota pública do Ministério Público Federal sobre a liberdade de manifestação em universidades.
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, do MPF, entende que são “potencialmente incompatíveis com o regime constitucional democrático iniciativas voltadas a impedir a comunidade discente e docente de universidades de manifestarem livremente seu entendimento sobre questões da vida pública no país”.
A procuradoria registra que mais de uma dezena de universidades brasileiras relataram esse tipo de ocorrência.
“Nem mesmo a maior ou menor conexão ou antagonismo de determinada agremiação política ou candidatura com alguns dos valores constitucionais pode servir de fundamento para que esses valores deixem de ser manifestados e discutidos publicamente”, afirma a nota.
“Conceber que o repúdio ao fascismo possa representar o apoio a uma determinada candidatura seria admitir que a Constituição brasileira endossaria tal forma de regime, o que é inaceitável”.
“A nota destaca que uma interpretação em favor da proibição de manifestações dessa natureza é uma ladeira escorregadia e, em breve, se poderia alegar que qualquer símbolo ou manifestação solidária ou trivial está associado a candidaturas.”
De acordo com a nota, a interpretação de dizeres “Direito UFF Antifascista”, “Marielle Franco presente”, “Ditadura nunca mais. Luís Paulo vive” como sendo uma forma de propaganda eleitoral transborda os limites da razoabilidade e compromete o arcabouço constitucional da liberdade de manifestação e de cátedra, bem como de expressão do pensamento e intelectual.
A nota pública é assinada pela procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat, e pelos procuradores adjuntos Domingos da Silveira, Marlon Weichert e Eugênia Augusta.
Leia aqui a íntegra da manifestação do MPF.