Crítico das delações divulgadas, procurador elogia ritual de Sergio Moro

Frederico Vasconcelos
Ministro Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública, em audiência

O procurador da República Celso Antônio Três, de Novo Hamburgo (RS), elogia o timing e o ritual do ministro Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública, no lançamento do Projeto de Lei Anticrime. Ele enfatiza a prioridade, na apresentação da proposta aos governadores, responsáveis pela segurança pública nos estados.

Celso Três atuou no início do caso Banestado, divergiu da força-tarefa da Lava Jato, condenou a divulgação de delações premiadas e criticou em documento as ’10 Medidas de Combate à Corrupção”. Hoje, admite que “Moro é um novo perfil no Ministério da Justiça”.

“Depois da ditadura e nos 30 anos da atual Constituição, os ministros da Justiça tiveram o mesmo perfil: advogados com visão prioritária em coarctar abusos do Estado –vício do período militar– em vez de incrementar a repressão de delitos”, diz Três.

“Nesse período, nunca tivemos um pacote anticrime: leis penais referenciais (hediondos, lavagem de dinheiro, drogas, organização criminosa, delação premiada etc.”

“O Ministério da Justiça nunca teve um protagonista, agente. As leis –mesmo que eventualmente apoiadas pelo governo– são obra do Congresso. Isso muda. O mérito de cada projeto é questão a ser debatida”, afirma.

“Moro peca, sim pelo silêncio. Não apenas quanto a filho de Bolsonaro –lembrando que norma do Banco Central não prevê como pessoas politicamente expostas, sujeitas a maior vigilância dos bancos, os deputados estaduais, caso de Eduardo. Moro pode mudar isso e não excluir parentes, consoante cogita-se”.

“O ministro também peca pelo silêncio quanto a Brumadinho. A Polícia Federal deveria deflagrar de imediato operação apreendendo provas, fazendo buscas na Vale. O caso de Mariana foi julgado na Justiça Federal”.

“É inconcebível que, ante colossal massacre, o Ministério da Justiça seja apenas espectador”, afirma.