Odebrecht financiou trabalhos de Olavo de Carvalho
Sob o título “Como Olavo passou de ideólogo militar a rival”, a jornalista Maria Cristina Fernandes resume, em sua coluna no Valor desta quinta-feira (25), o roteiro da colaboração de Olavo de Carvalho, guru ideológico do governo, com os militares.
Ela afirma que “antes de se transformar no principal ideólogo da conspiração militar no governo Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho fez carreira como conferencista em colóquios das Forças Armadas e recebeu estreladas condecorações”.
Segundo a jornalista, data do governo Fernando Henrique Cardoso sua aproximação com os militares, quando se tomaram as primeiras medidas de reparação da ditadura. Foi o período em que o guru de Virgínia (EUA) inflou o ego militar abalado pelas políticas de reparação.
O ideólogo “trafegava por diferentes alas das Forças Armadas, mas sempre teve mais identidade com os setores mais engajados no revisionismo”, diz.
Uma de suas primeiras conferências se deu no Clube Militar, no Rio, por ocasião dos 35 anos do golpe militar e a convite do general Helio Ibiapina, que presidia o clube.
“Ibiapina chefiava a repressão em Pernambuco quando o líder comunista Gregório Bezerra, amarrado à corda de uma guarnição militar, foi exibido pelas ruas do Recife como um troféu da quartelada”, registra a colunista.
Fernandes cita o período em que Olavo de Carvalho colaborou com o Instituto Histórico e de Geografia Militar. Financiado pela Odebrecht, ele revisou os quatro compêndios de “O Exército na História do Brasil”, publicado pela Biblioteca do Exército.
Em sua página na internet, Olavo de Carvalho afirmou, em 2015:
Nos anos 90, contratado pela Odebrecht para escrever um relatório sobre as CPIs onde o PT cortava as cabeças de todos os seus adversários e brilhava como “partido da moralidade”, aconselhei aos diretores da empresa que combatessem de maneira frontal e corajosa aqueles que a difamavam. Amedrontados e frouxos, preferiram o caminho da acomodação e da cumplicidade, afagando seus detratores com mimos bilionários e até partilhando os lucros da safadeza. Agora estão presos, e o merecem.