Moro: ‘Não sou advogado de ninguém’

Ministro da Justiça do governo Lula quando eclodiu, em 2003, a Operação Anaconda, Márcio Thomaz Bastos dizia que procurava não saber das investigações sigilosas, para não correr o risco de falar a respeito. (*)

Essa versão não batia com outras declarações.

Na última quarta-feira (15), jornalistas da Globo perguntaram ao ministro da Justiça, Sergio Moro, o que achava dos indícios de lavagem de dinheiro atribuídos ao senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), segundo reportagem da revista Veja.

Moro disse que tivera apenas notícias da reportagem.

“O ministro da Justiça não é um ‘super tira’, ele não cuida de todas as investigações do país. Meu papel é estrutural, principalmente em relação aos órgãos afetos ao Ministério da Justiça”, disse Moro.

“Não cuido de casos concretos e específicos. Uma coisa que me recusei desde o início: eu não vou ser advogado, eu não sou advogado de ninguém. Se outros ministros da Justiça no passado se sentiam confortáveis em despir a pele de ministro e agir como advogados, acho que esse não é o papel do ministro da Justiça”, afirmou.

Em fevereiro, Moro deu resposta semelhante à Veja: “Meu papel é diferente, não é ficar advogando, como faziam outros ministros da Justiça do passado. Acho uma conduta inapropriada.”

A referência a “outros ministros” foi associada aos ex-ministros da Justiça José Eduardo Cardozo (governo Dilma Rousseff) e Thomaz Bastos, ambos advogados.

Cardozo defendeu Lula em entrevista ao Valor Econômico, em 2015.

Thomaz Bastos levou o criminalista Arnaldo Malheiros a uma reunião na casa do então ministro da Fazenda Antonio Palocci, quando veio à tona o episódio da quebra do sigilo do caseiro Francenildo Costa.

Malheiros e Thomaz Bastos já morreram.

Os dois episódios foram registrados em post neste Blog, em fevereiro [veja aqui].

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(*) “Juízes no Banco dos Réus” (Publifolha, pág. 326)