Juiz defende conciliação para superar intervalo obscurantista

Frederico Vasconcelos
Praça dos Três Poderes (Foto: EBC)

O texto a seguir é de autoria de Alfredo Attié, desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e presidente da Academia Paulista de Direito.
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Na ditadura, o governo envia seus projetos e o Congresso diz amém. Na democracia, o Congresso discute, muda. O Congresso, em seu conjunto, representa o povo brasileiro. Foi votado, eleito para controlar, fiscalizar o governo.

A propaganda que circula nas redes sociais –convocando sabe-se lá quem para uma marcha anti-democrática e contra os interesses do povo, em seu conjunto– diz que o Congresso deve engolir as propostas Bolsonaro-Guedes-Moro, mesmo que sejam anti-Estado Democrático de Direito e inconstitucionais.

Ela se apropria do verde-amarelo, que é de todos.

Não acredito que as pessoas se prestarão, mais uma vez, a esse papel de endossar uma política contra direitos humanos, educação, trabalho, saúde, meio ambiente, relações internacionais.

Espero , mesmo prevejo que o povo dirá NÃO a essa farsa anti-Brasil.

O Brasil quer conciliação e não divisão. Quer um governo com projeto de desenvolvimento, que una e não separe, que semeie confiança e não ódio.

O Brasil quer representantes e poderes que se pautem no pacto Constitucional, que nos legou o Estado Democrático de Direito.

O Brasil quer o respeito aos Direitos e o cumprimento dos deveres constitucionais.

Não quer armas, mas paz.

Não quer ofensas nem violência, mas justiça.

Não quer milícias, mas cidadania.

O Brasil não quer preconceito, mas diversidade.

Não quer o engano dos que se dizem donos da verdade e não sabem dar satisfação e prestar contas de seus projetos, mal feitos porque não contam com participação de especialistas e com consulta popular.

O Brasil quer seguir o caminho do desenvolvimento, na democracia.

Sim, nós podemos ir ao encontro de nosso destino comum, que decidimos juntos.

Não desejamos atraso, mas enfrentar em espaço público aberto nossos problemas e acolher a todos, num projeto que preserve ambiente e diminua as desigualdades.

Isso tudo é liberdade, é civilização, é direito.

É política que não olha apenas para eleição, mas se desprende das dicotomias, das intrigas, das notícias e acusações falsas.

Dizer SIM aos direitos e aos deveres constitucionais.

O Brasil não quer mais olhar para trás, mas não deve ter medo de observar sua história e curar as feridas dos regimes ditatoriais.

Deve olhar para a frente, sem negar a participação de ninguém.

A liderança, enfim, depende de imparcialidade, acolhimento e síntese de projetos.

Queremos um Brasil, apenas.

Um País de se orgulhar, no concerto difícil das Nações.

Há tanta gente em que nos podemos espelhar. Brasileiros, brasileiras, estrangeiros e estrangeiras, que apontaram e ainda indicam esse caminho iluminado de trocas e inspirações conjuntas.

Digamos NÃO o quanto antes a esse intervalo obscurantista.