Ócio sustentável no Judiciário

A cúpula do Judiciário tem aproveitado o debate sobre questão ambiental e sustentabilidade para promover viagens esticadas de ministros e assessores, em finais de semana, às custas do erário.

Em julho, o presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, falou na ONU, em Nova York, sobre “o papel do setor privado no desenvolvimento sustentável no Brasil”.

O tribunal anunciou que o presidente do STJ era o único representante do Judiciário brasileiro a participar do encontro.

A palestra de Noronha foi realizada numa terça-feira (16). O ministro viajou no domingo (14) e regressou na quarta-feira (17).

A título de assessorar o presidente, dois assessores viajaram na sexta-feira anterior à conferência (12), e retornaram na quinta-feira da semana seguinte (18).

Como viajaram a trabalho, Noronha e os dois assessores receberam do STJ o total de R$ 33 mil em diárias. (*)

Um dos assessores afirmou que a participação do tribunal no evento era “a diplomacia judicial no seu mais alto nível”.

Em maio, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, viajou num final de semana à ilha de Fernando de Noronha, para falar em seminário sobre “direito, sustentabilidade e cidadania”. [veja aqui]

Viajou em avião da Força Aérea Brasileira e hospedou-se em Hotel de Trânsito da FAB. O Comando da Aeronáutica não informou os nomes dos passageiros e eventuais convidados do presidente do STF, para proteger a intimidade e privacidade das pessoas envolvidas.

Toffoli viajou na sexta-feira (10) e retornou no domingo (12).

A convite da Escola Superior de Advocacia de Pernambuco, entidade vinculada à OAB-PE, o presidente do STF falou sobre a relação entre o Judiciário e o meio ambiente.

“O meio ambiente não é só a fauna e a flora, é onde vivemos. Primeiro, devemos cuidar do nosso meio ambiente, amarmos mais a nós mesmos”, disse Toffoli, que não concedeu entrevistas depois da palestra.

Os organizadores do evento entenderam que Toffoli deixou “um legado educacional sobre a sustentabilidade, a cidadania que é preciso ser aplicada na ilha”.


(*) O Blog pediu informações à presidência do STJ, por intermédio da assessoria de imprensa do tribunal, e aguarda eventuais esclarecimentos. Sobre a viagem a Fernando de Noronha, o STF informou que “o evento não está custeando as despesas do presidente e que não há nenhum custeio externo”.