Ex-sócios de Gilmar Mendes na PGR

Semanas antes do anúncio de Augusto Aras como sucessor de Raquel Dodge na Procuradoria-Geral da República, o presidente Jair Bolsonaro recebeu, fora da agenda, o também subprocurador-geral da República Paulo Gustavo Gonet Branco, ex-sócio do ministro Gilmar Mendes no IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público).

Se Gonet Branco tivesse sido o escolhido, seria o segundo ex-sócio do ministro a comandar o Ministério Público Federal.

Reportagem de autoria do editor deste Blog, na Folha, revela que o último procurador-geral da República nomeado pela ditadura militar foi Inocêncio Mártires Coelho. [veja aqui]

Coelho foi presidente do IDP, do qual Gilmar Mendes também é fundador. Mendes e Coelho se desentenderam em 2010. O processo, sigiloso, foi extinto.

Ex-consultor jurídico do general Golbery do Couto e Silva, ministro chefe da Casa Civil (1974-1981), Coelho foi nomeado em 1981 pelo presidente João Figueiredo (1979-1985).

A gestão de Coelho na PGR permite imaginar o clima de expectativa no Ministério Público Federal nos anos que antecederam a aprovação da Constituição Federal de 1988.

Ele foi acusado de atender a interesses políticos eleitorais. Procuradores da República pediram o afastamento de Coelho, insatisfeitos com sua atuação na investigação do desvio de verbas do Banco do Brasil, em Floresta (PE) — o chamado “escândalo da mandioca”.

O procurador Pedro Jorge de Melo e Silva, que atuava no caso, ofereceu denúncia contra servidores, policiais, fazendeiros e políticos. Recebeu ameaças de morte e foi assassinado, em 3 de março de 1982.

Pedro Jorge é reverenciado como protomártir no Ministério Público Federal. Um auditório na PGR leva o seu nome.

Inocêncio Mártires Coelho permaneceu no cargo até o final do governo Figueiredo, em 1985.