Em 2006, juiz vetou sigilo em acordo para uso de verbas públicas na Gamecorp
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a Operação Mapa da Mina “é uma “demonstração pirotécnica de procuradores viciados em holofotes”. E que o Ministério Público Federal recorre a “malabarismos” para o atingir, perseguindo sua família.
A operação pretende aprofundar as investigações sobre o suposto pagamento de despesas da família do ex-presidente com recursos das empresas de telefonia Oi e da Vivo.
Os principais indícios apontados pelos investigadores foram revelados pela Folha em reportagens publicadas em outubro de 2017.
Jonas Suassuna –dono de um dos dois terrenos que compõem o sítio em Atibaia– se tornou sócio de Fábio Luiz Lula da Silva, Lulinha, em 2006 na Gamecorp, empresa de games que já havia recebido aporte da Oi considerado suspeito pela Polícia Federal.
Na edição de 28 de novembro de 2006, a Folha revelou que o juiz Régis Rodrigues Bonvicino, da 1ª Vara Cível do Fórum de Pinheiros, recusou que fosse mantido em envelope lacrado contrato em que a Gamecorp compartilhava com o Grupo Bandeirantes de Comunicação o faturamento líquido obtido com verbas do governo federal em anúncios veiculados pela Play TV (ex-Rede 21).
O acordo -um instrumento particular- previa que os sócios venderiam propaganda a órgãos públicos e privados, e determinava a divisão em partes iguais de faturamento mínimo estimado em R$ 5,2 milhões, em 2006, e em R$ 12,6 milhões em 2007.
Eis o despacho do juiz Bonvicino, sem “malabarismos” ou “pirotecnia”:
“Convém ao interesse público que o contrato seja regido pelo princípio da publicidade porque um dos contratantes é filho do presidente da República e, em tese e sempre em tese, sem qualquer pré-julgamento por parte deste Juízo, fazem-lhe acusações de uso inadequado de verbas públicas”.