Embora possa muito, Bolsonaro não pode tudo

Duas decisões do Supremo Tribunal Federal reforçam a manifestação do decano Celso de Mello, em fevereiro deste ano, ao afirmar em nota que “o presidente da República, embora possa muito, não pode tudo”.

Na ocasião, o ministro se referia à convocação de manifestações contra o Congresso Nacional, iniciativa que revelou a “face sombria de um presidente que desconhece o valor da ordem constitucional”.

Nesta quarta-feira (29), o ministro Alexandre de Moraes determinou, em liminar, a suspensão da nomeação de Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da Polícia Federal, feita na véspera por Bolsonaro, por ferir os princípios da impessoalidade, moralidade e do interesse público.

Ramagem é amigo do clã Bolsonaro.

Ao pedir demissão, o ex-ministro Sergio Moro alertou para o risco de Ramagem interferir politicamente na Polícia Federal e de obter informações e relatórios de investigações.

Nesta segunda-feira, Celso de Mello autorizou a abertura de inquérito para apurar as declarações de Moro, que indicou supostas interferências de Bolsonaro em inquéritos da Polícia Federal.

“Os crimes supostamente praticados pelo senhor presidente da República, conforme noticiado pelo então ministro da Justiça e Segurança Pública, parecem guardar (…) íntima conexão com o exercício do mandato presidencial”, afirmou o decano, em sua decisão.