Quando o capitão atravessou a praça

Antes das eleições presidenciais, Dias Toffoli convidou um general para ser seu assessor no gabinete. Toffoli pretendia vir a ser o intermediário do Judiciário com a farda.

Nesta quinta-feira (7), Bolsonaro roubou a cena do ministro conciliador, liderando um grupo de empresários em visita de surpresa à Suprema Corte. Com a caminhada, o Presidente confirma não ser adepto do diálogo. Seu forte mesmo é a pressão.

Eduardo Bolsonaro, seu filho, disse que bastava um cabo e um soldado para fechar o STF. O capitão preferiu uma tropa de choque da indústria e de demais setores para abrir a porta do Supremo. Sem bater.

Sob a alegação de medida de segurança, Toffoli inaugurou meses atrás o sistema de não registrar compromissos na agenda oficial do STF. Não queria ser incomodado pela imprensa em voos a trabalho e de lazer.

Ao que se informa, a visita da comitiva de empresários ao Supremo também não estava na agenda oficial de Bolsonaro.

O encontro teria o objetivo de relatar a Toffoli os impactos do isolamento social nas empresas, medida recomendada para evitar os efeitos da Covid-19.

Toffoli corre o risco de ver sua imagem colada ao discurso bolsonarista de desrespeito às recomendações da Organização Mundial da Saúde.

O episódio lembrou o dia em que o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), então presidente do Congresso –um coronel sem estrelas– atravessou a Praça dos Três Poderes, acompanhado pela bancada baiana, para defender o fim da intervenção do Banco Central no Econômico, instituição do banqueiro Ângelo Calmon de Sá, seu conterrâneo.