O duplo revés de Augusto Aras

A eleição dos subprocuradores-gerais da República Mario Bonsaglia e Nicolao Dino para duas vagas no Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) representou uma dupla derrota para o procurador-geral da República, Augusto Aras.

Nesta terça-feira, cinco candidatos concorreram em eleição decidida pelo Colégio de Procuradores da República (votaram 838 procuradores, de um total de 1.152 membros).

Bonsaglia e Dino –opositores da atual gestão– receberam, respectivamente, 645 e 608 votos.

Apoiados por Aras, os subprocuradores-gerais Carlos Frederico Santos e Maria Iraneide Santoro Facchini obtiveram, respectivamente, 190 e 121 votos.

No início do mês, ambos foram nomeados pelo PGR para posições estratégicas na gestão do MPF: Carlos Frederico é o coordenador da 2ª Câmara (Criminal); Maria Iraneide coordena a 5ª Câmara (Combate à Corrupção).

Outra candidata que disputou a eleição nesta terça-feira, a subprocuradora-geral Julieta Elizabeth Fajardo Cavalcanti de Albuquerque, mais antiga no MPF e considerada conservadora, obteve apenas 61 votos.

No próximo dia 30, haverá votação para escolha dos representantes do Colégio de Subprocuradores-gerais (integrado por 74 membros do nível mais elevado da carreira).

Na atual composição, os dois conselheiros da cota do colégio de sub-procuradores, cujos mandatos estão se encerrando, são considerados alinhados a Aras e contribuem decisivamente para a atual vantagem do PGR nas votações. Ao todo, incluindo Aras e seu vice, a atual gestão tem cinco dos dez votos do Conselho. Ou seja, para questões políticas essenciais, o PGR tem o poder de desempatar a votação.

Se Aras não eleger dois conselheiros aliados no final do mês, ficará em minoria (4×6) nas questões mais sensíveis.

Aras foi escolhido por Jair Bolsonaro sem considerar a lista tríplice da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), que tradicionalmente consulta a categoria e submete a votação ao presidente da República.