Ambições políticas de Aras e os alertas que vêm dos pampas

Diante dos ataques à Lava Jato pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, o jornalista Antônio Britto, ex-deputado federal e ex-governador do Rio Grande do Sul, dá um conselho ao chefe do Ministério Público Federal:

“Augusto Aras poderia dar uma contribuição importante para serenar os ânimos. Bastaria anunciar publicamente que se recusa a admitir ou aceitar qualquer indicação para o Supremo Tribunal Federal. E, a partir daí, permitir que não se veja em suas atitudes parte de uma campanha para chegar à Corte Suprema.”

A recomendação está no artigo intitulado “Um desastre institucional –o efeito Aras no combate à corrupção”, publicado no jornal digital Poder360.

Segundo Britto, Aras “acaba de assegurar um lugar de destaque na lista de autoridades brasileiras cujo comportamento mostra enorme distância entre o que o país espera, o que o cargo exige e o que fazem”.

Ele critica o fato de o PGR ter escolhido “uma conversa com os advogados que lideram o combate à Lava Jato, um cenário informal para cometer o suicídio simbólico que vai perseguir sua gestão, além de reduzir o espaço para o bom senso em questão tão essencial”.

O episódio guarda semelhança com fatos ocorridos anos atrás no Rio Grande do Sul.

Em 2005, o então juiz e hoje desembargador Newton Fabrício, do TJ-RS, liderou o “Manifesto pela Ética“, documento com críticas a Nelson Jobim, então presidente do Supremo Tribunal Federal, por “fazer considerações de índole política”.

Os magistrados gaúchos sugeriram a Jobim afastar as especulações de que pretendia candidatar-se à Presidência da República, ou então renunciar à presidência do Supremo.

Em 2012, Fabrício reprovou o controvertido encontro entre o ex-presidente Lula e o ministro do STF Gilmar Mendes realizado no escritório do advogado Nelson Jobim.

“Um ministro do STF, que em breve julgará o rumoroso processo conhecido como ‘mensalão’, indo ao encontro do ex-presidente da República, cujo partido está envolvido exatamente nesse processo? Isso não é conduta de magistrado. Mas, afinal, que compromisso tem esse ministro (e seu anfitrião) com a magistratura, se usa a toga por indicação política?”, escreveu o juiz.