Laços familiares e grosseria inaceitável

O procurador-geral da República, Augusto Aras, é “um homem generoso, de espírito público e com trajetória sempre correta, tanto no Ministério Público Federal quanto na advocacia.”

Quem assim definiu o PGR foi seu primo, o procurador regional da República Vladimir Aras, em mensagem que enviou aos colegas do MPF logo após Augusto Aras ter sido indicado para o cargo por Bolsonaro.

Vladimir disse que falava apenas em seu nome sobre uma pessoa que conhece há décadas, “muito mais por dever de gratidão do que por laços familiares”. O procurador foi convidado pelo PGR para integrar a sua equipe, mas não aceitou. Atua na Procuradoria Regional da República da 1ª Região. (*)

O generoso homem deve um pedido público de desculpas à subprocuradora-geral da República Luiza Cristina Frischeisen.

Na constrangedora sessão do CSMPF (Conselho Superior do Ministério Público Federal), no último dia 31, Augusto Aras afirmou que “a doutora Luiza talvez não tenha família, mas talvez tenha”.

Aras reclamara, antes, que um blog teria questionado a família dele.

Várias procuradoras do MPF acusaram o procurador-geral de ter sido machista em seus ataques a Luiza Frischeisen, que não tem filhos, informou o Globo.

No dia seguinte, ainda segundo o jornal, o subprocurador-geral Mario Bonsaglia –o mais votado na lista tríplice que Aras evitou– tratou da ofensa em um grupo de discussão.

“Muita coisa pode ser dita com relação à sessão de ontem do CSMPF, mas, em primeiro lugar, é preciso repudiar a fala misógina com que o PGR dirigiu-se à colega Luiza.

Sobre isso já me manifestei logo após a sessão em alguns grupos e apresentei diretamente à própria Luiza a minha solidariedade.

Essa fala do PGR, voltada especificamente contra Luiza e atingindo as demais mulheres que integram o MPF, causa indignação também a todos os homens comprometidos com a igualdade e a defesa dos direitos humanos.”


(*) Texto corrigido à 1h59.