Donald Trump, Jair Bolsonaro e a invasão dos bárbaros
Nesta quarta-feira (6), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insuflou apoiadores extremistas a invadirem o Capitólio, inconformado com a vitória do democrata Joe Biden. Foi uma tentativa, em final de mandato, de questionar o pleito sob a alegação de fraude eleitoral.
Em 2018, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o juiz federal Eduardo Cubas, de Goiás, filmaram um vídeo, em frente ao Superior Tribunal Eleitoral, questionando a segurança e a credibilidade das urnas eletrônicas. O magistrado foi acusado de pretender tumultuar as eleições.
Na época, Eduardo Bolsonaro afirmou que “bastam um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal”. Foi acusado de incitar as Forças Armadas à animosidade contra instituições civis.
Insensível ao repúdio de entidades da sociedade civil, o presidente Jair Bolsonaro participou de atos públicos de apoio ao AI-5 e à intervenção militar.
Em abril de 2020, durante reunião ministerial, sem protestos do presidente e de ministros militares, o então titular da pasta da Educação, Abraham Weintraub, defendeu a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal.
No mês seguinte, acompanhado do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo (com quem também sobrevoou de helicóptero uma manifestação contra o Judiciário), Bolsonaro liderou um grupo de empresários numa constrangedora visita de surpresa à Suprema Corte.
Nos EUA, discute-se se a conduta de Trump se enquadra em emenda da Constituição que prevê a hipótese de remoção, caso seja considerado incapaz de seguir no cargo.
No Brasil, Bolsonaro demorou para reconhecer a vitória de Biden.
O mandato de Trump, salvo improvável interrupção, termina no próximo dia 20. Bolsonaro deverá disputar a reeleição em 2022. Será um longo período para conferir os efeitos da aventura do Republicano nos EUA.
Nesta quinta-feira (7), as declarações de Bolsonaro sugerem uma dissimulada ameaça: “Se tivermos voto eletrônico” em 2022, “vai ser a mesma coisa”, ou “vamos ter problema pior que nos Estados Unidos”.