Opinião pessoal: entre Gilmar Mendes e Sergio Moro, juiz descarta o ministro

Sob o título “Gilmar x Moro“, o artigo a seguir é de autoria de Danilo Campos, juiz aposentado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

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Se como disse Tom Jobim o Brasil não é um país para iniciantes, eu como profissional do direito, com a experiência de três décadas nos cargos de delegado de polícia, promotor de justiça e juiz de direito, acho que tenho então alguma autoridade para tratar do julgamento da suspeição de Moro, acusado de atuar ao lado da acusação contra Lula.

A acusação assacada por Gilmar contra Moro é que este seria um juiz arbitrário, que desrespeitaria as regras de um processo penal democrático, atentando, portanto, contra o Estado democrático de direito.

Então, se a questão é a democracia, ou seja, o governo do povo e para o povo, onde todos são iguais perante a lei, fácil constatar que neste duelo o povo em sua imensa maioria reprova Gilmar, cujo nome virou sinônimo de impunidade: “gilmarear” então poderá converter-se num verbo com o mesmo significado de chicana, uma treta para fazer alguém escapulir de suas responsabilidades.      

De fato, ao contrário do que diz Gilmar, o mérito de Moro foi justamente democratizar a prisão, até então exclusividade de pretos, putas e pobres, tornando também o processo penal isonômico, fazendo com que os mesmos entendimentos aplicados ao simples cidadão fossem também aplicados aos engravatados: conduções coercitivas, quebra de sigilo, exposição pública, tudo que sempre se aplicou ao povo Moro fez valer também para os bacanas.           

Veja-se que no Brasil nunca se respeitou a dignidade e a vida humana dos pobres, que são presos sem mandato, têm suas casas invadidas pela polícia, suas crianças mortas por balas perdidas e contra isto Gilmar nunca propôs nada, mas foi só algemarem um banqueiro que ele logo impôs, mediante falsificação do processo de edição, uma súmula vinculante proibindo a polícia de algemar.

Então, no pertinente ao quesito da democracia, constata-se que a forma de atuar de Moro é muito mais democrática de que a de Gilmar, que atua sempre ao lado da defesa, isto se o réu for um bacana.

Assim, o que importa se Moro não é um juiz convencional, se o povo tem pavor pelos juízes convencionais como Gilmar?

Por isso o completo descrédito do Supremo, que opera como uma sala vip de aeroporto, somente pra gente grã-fina, porque se assim não fosse o caso de Lula deveria aguardar na fila, porque de gente condenada por meros indícios a cadeia está cheia.

Ou será que estou errado?