Bolsonaro e o rescaldo do Sete de Setembro
Ao ver o circo pegar fogo, o incendiário chama o bombeiro para conter as chamas. Ambos criam a versão de que o Presidente nunca teve a intenção de agredir, foi afetado pelo calor do momento e que acredita na harmonia entre os Poderes.
Para aparentar qualidades que não possui, Bolsonaro recorre ao ex-presidente Michel Temer como usou o ex-juiz Sergio Moro, ambos descartáveis. Desacata ministros do Supremo e depois finge respeitar a Constituição. Assim como forjou o discurso da anticorrupção quando era candidato.
Os que deveriam interferir se omitem.
Como observa o presidente da Academia Paulista de Direito, Alfredo Attié, “os dois caminhos estão fechados”. O presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, “fizeram as piores e mais omissas manifestações entre todas as autoridades”.
“Diante de situação gravíssima causada por uma pessoa incapaz de governar e que faz da Presidência palanque de pregação de caos, crise e ditadura, as duas autoridades fizeram discurso sobre um outro mundo – para dizer o mínimo.”
De resto, só há inquéritos, investigações e pronunciamentos.
“A única e verdadeira ação proposta é a de incapacidade”, diz Attié.